A sobreposição entre política e desempenho corporativo é especialmente marcante no caso da Tesla (BVMF:TSLA34) (NASDAQ:TSLA). Ainda no fim de março, análises já indicavam que as ações da companhia poderiam registrar perdas até o fim de 2025. Desde o início da aproximação entre Elon Musk e Donald Trump, somada à iniciativa DOGE, a reação política foi imediata, com as vendas da montadora na União Europeia caindo 45% já em janeiro.
Rapidamente ficou claro que o aumento de hostilidade nas ruas contra proprietários de veículos Tesla introduziu um tipo de risco que muitos consumidores preferem evitar. Com o sistema judiciário dos EUA cada vez mais fragmentado e polarizado, tornou-se incerta até mesmo a responsabilização de autores de ataques contra veículos da marca, enfraquecendo o efeito dissuasório da legislação.
Ao se envolver diretamente em disputas políticas, Elon Musk acabou expondo sua única companhia de capital aberto. Contudo, em maio, já havia especulações de que ele recuaria de suas funções ligadas ao governo, o que se confirmou com a ruptura pública com Trump em torno do projeto de lei "One Big Beautiful Bill Act" (OBBBA).
Sentimento do mercado e reconfiguração política
Uma das conclusões das auditorias relacionadas à iniciativa DOGE foi a constatação de que a opinião pública é mais centralizada do que se imaginava, produto direto de instituições, ONGs, think tanks e grandes grupos de mídia. Esse ambiente “orquestrado” molda o sentimento do mercado, afetando diretamente as perspectivas da Tesla.
No fim de março, as vendas globais da empresa já acumulavam queda de 7%. Ainda assim, a separação entre Musk e Trump pode ter sido uma manobra calculada. Ao romper de forma pública, Musk reduziu o ímpeto da oposição política que se mobilizava contra a marca. Sem o eixo Trump-Musk como alvo unificado, o foco do embate se dissipou.
Musk, por outro lado, também buscou manter alguma conexão com a base trumpista, suavizando declarações anteriores, facilitado pela visão positiva que o próprio Trump expressou sobre o empresário.
Mais recentemente, os protestos raciais em Los Angeles ganharam destaque e desviaram a atenção da controvérsia Musk-Trump. Ao mesmo tempo, os ataques aos veículos autônomos da Waymo, braço da Google (NASDAQ:GOOGL), tradicionalmente alinhada com grupos progressistas, expam contradições entre manifestantes, como o uso de bandeiras estrangeiras em protestos contra deportações.
Essa narrativa incoerente, difícil de neutralizar pela mídia, fortalece o argumento de que a hostilidade contra a Tesla já começa a se enfraquecer, com os protestos perdendo coerência e foco.
Com isso, é provável que a aliança Trump-Musk se torne apenas uma nota de rodapé na memória política. Ainda assim, concorrentes da Tesla já aproveitaram os efeitos desse desgaste.
Concorrência chinesa domina o setor de veículos elétricos
Durante o evento DealBook, do New York Times (NYSE:NYT), em 2023, Musk reconheceu a força da indústria chinesa, elogiando sua produtividade e ética de trabalho. Ele chegou a sugerir que, no futuro, as 10 maiores montadoras globais poderiam ser todas da China.
No primeiro trimestre de 2025, a Tesla entregou 336.681 veículos elétricos, queda de 13% na base anual, o menor volume desde o segundo trimestre de 2022. No mesmo período, a chinesa BYD registrou crescimento de quase 60%, com 1.000.804 unidades vendidas.
Dados recentes indicam que apenas 8.600 veículos Tesla foram segurados na China na última semana analisada, uma queda de quase 34% em relação à semana anterior. No cenário global, o grupo Geely Holding já detém 62% do mercado de EVs, ampliando sua liderança.
A participação da Tesla caiu de 14% no quarto trimestre de 2024 para 12% no primeiro trimestre de 2025, enquanto a BYD (SZ:002594) manteve-se estável entre 15% e 16%.
Na Europa, o desgaste da imagem de Trump contaminou a percepção sobre Musk, penalizando as vendas. Na Alemanha, as vendas da Tesla recuaram 36,2% na comparação anual, conforme dados da KBA, mesmo com o mercado de EVs crescendo 44,9%. No Reino Unido, maior mercado europeu para elétricos, a queda foi de 45% em maio, frente a uma alta geral de 28% nas vendas do segmento.
Nos EUA, porém, a Tesla preserva sua liderança, com 43,4% de participação no primeiro trimestre, seguida por General Motors (NYSE:GM), com 10,8%, e Ford (NYSE:F), com 7,7%, segundo dados da CarEdge.
Apesar das perdas, há expectativa de recuperação na China. Em 3 de junho, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país incluiu a Tesla em seu programa de estímulo ao uso de EVs em áreas rurais, iniciativa em vigor desde 2020 e que, até então, excluía a montadora americana.
***
PARE DE INVESTIR NO ESCURO! No InvestingPro, você tem o a ferramentas treinadas de IA em 25 anos de métricas financeiras para escolher as melhores ações e ainda tem o a:
- Preço-justo: saiba se uma ação está cara ou barata com base em seus fundamentos.
- ProTips: dicas rápidas e diretas para descomplicar informações financeiras.
- ProPicks: estratégias que usam IA para selecionar ações explosivas.
- WarrenAI: consultor pessoal de IA treinado com dados do Investing.com para tirar suas dúvidas sobre investimentos.
- Filtro avançado: encontre as melhores ações com base em centenas de métricas.
- Ideias: descubra como os maiores gestores do mundo estão posicionados e copie suas estratégias.
- Dados de nível institucional: monte suas próprias estratégias com ações de todo o mundo.
- ProNews: e notícias com insights dos melhores analistas de Wall Street.
- Navegação turbo: as páginas do Investing.com carregam mais rápido, sem anúncios.
AVISO: Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo. Não constitui oferta, recomendação ou solicitação para compra de ativos. Lembramos que todos os investimentos envolvem riscos relevantes e devem ser avaliados sob múltiplas perspectivas. O InvestingPro não oferece consultoria de investimentos. As decisões e riscos assumidos são de inteira responsabilidade do investidor.